“05:23, ela acorda, se olha no espelho e solta um murmurio de nojo. Vai ao banheiro, e toma um banho, um pouco rápido demais, ainda tinha que se maquiar. Corretivo, pó, base, delineador, sombra, batom; ela sorri para o espelho, está gostando do que vê; arruma o cabelo, passa um creme e faz um coque alto. Veste o uniforme e vai para a escola. Mas lá as pessoas olham para ela, mas de um jeito estranho, como se ela fosse diferente, como se ela fosse feia. Ela sorri, ela engana a si mesma, até que ouve um comentário vindo do fundo de sua sala “ei, não perca tempo se arrumando, você sempre será feia, não importa, idiota!”. Ela segura as lágrimas, e finge não ter ouvido, então o sinal finalmente bate e ela vai para a casa. Se tranca no banheiro e se olha mais uma vez no espelho, se sente horrível, se sente feia, como dissera o garoto de sua sala, então ela joga água em seu rosto, e ferozmente vai retirando toda aquela maquiagem, tão forte, que é possível ver algumas gotas de sangue saindo junto. Ela chora, ela grita, ela pergunta a si mesma por que é assim, por que não era melhor, por que ela existe. E num momento de loucura, ela rasga a roupa e grita “está melhor assim? Agora estou nua, agora sou como vocês! Por que diabos não me deixam em paz? Por que? Eu não quero ser como vocês!”, e então, ela pega uma lâmina, e pela primeira vez demonstra fraqueza […]“
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